O Liberalismo é uma corrente política, econômica e social que prevê, em suma, a limitação do poder de intervenção do Estado em detrimento da ampliação da liberdade dos indivíduos, do direito à propriedade e do livre comércio.
O Liberalismo surgiu entre os séculos XVII e XVIII, a partir dos ideais iluministas e das revoluções burguesas. Pretendiam, portanto, se opor ao Estado absolutista e às suas intervenções e poderio.
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A vontade de limitação do poder e intervenção do Estado surgiu entre a burguesia inglesa no século XVII, fortemente influenciada pelo Iluminismo, uma vez que este movimento defendia a prioridade da razão humana, da ação própria e da liberdade total em detrimento do poder absolutista do Estado diante do povo.
Dessa forma, a liberdade da razão, pregada pelo movimento iluminista, se desdobrou na liberdade política e econômica defendida pelos liberais. John Locke, Montesquieu, Voltaire e Constant foram alguns dos teóricos do Liberalismo mais influentes.
O liberalismo político cunhado por Locke, filósofo inglês, negou a relação entre o poder dos monarcas e o divino. Propôs, assim, uma relação de contrato (mediada por leis) entre governantes e governados, em oposição ao então existente Absolutismo. Dessa forma, defendia a noção de liberdade, possibilidade de resistência e direito à propriedade privada de todos os cidadãos.
Os ideais liberais se tornaram uma ideologia política cunhada e difundida pela burguesia liberal. Esta, por sua vez, conquistou espaços de poder a partir do século XVIII e durante o século XIX.
O Liberalismo tornou-se a força política predominante no Ocidente, principalmente até a Primeira Guerra Mundial.
Pode-se afirmar que o cerne do pensamento liberal é a defesa das liberdades individuais e estas podem estar aplicadas no âmbito político, social, econômico - ou em todos estes ao mesmo tempo. Além disso, são características marcantes do liberalismo:
O liberalismo econômico prega a menor intervenção do Estado no âmbito econômico, garantindo maior liberdade para regulamentação e controle da economia por parte dos indivíduos.
Este modelo surgiu no século XVIII, como alternativa ao sistema mercantilista que vinha declinando em diversos países.
Adam Smith ficou conhecido como o mais importante teórico da economia liberal, principalmente após a publicação de seu livro “A riqueza das Nações”.
Segundo o autor, o Estado não deve interferir na economia, uma vez que para garantir sua eficiência, é o mercado quem deve controlá-la.
Típico das sociedade capitalistas, principalmente antes da chamada Crise de 1929, o liberalismo econômico pretende garantir a defesa da propriedade privada, do livre mercado, livre manipulação das taxas de câmbio, a livre concorrência, a ação individual, etc.
Para Adam Smith, a economia deveria ser assunto dos indivíduos e dos interesses privados, enquanto ao Estado caberia a garantia da ordem, da defesa nacional e do acesso aos bens públicos como educação, saúde, etc.
Após a Segunda Guerra Mundial, os ideais liberais perderam força em detrimento do aumento da força do Keynesianismo. Entretanto, os ideais keynesianos passaram a ser fortemente criticados no século XX, dando espaço para uma nova leitura do Liberalismo Clássico: o neoliberalismo.
A mundialização do sistema capitalista foi acompanhado, portanto, pelo crescimento das políticas neoliberais alastradas no processo de globalização.
A principal característica do neoliberalismo é a garantia de maior liberdade dos indivíduos na economia e na política, ao mesmo tempo que o Estado pouco intervém nesses âmbitos. As políticas neoliberais no século XX garantiram, em muitos países, a abertura para entrada de empresas multinacionais, a privatização de diversas empresas estatais, intensificação da circulação de capital internacional, etc.
O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas características de uma determinada corrente de pensamento:
Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo o homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o proveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade. (Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991.)
Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa de justificar: