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Intertextualidade

Literatura - Manual do Enem
Laisa Ribeiro Publicado por Laisa Ribeiro
 -  Última atualização: 28/7/2022

Índice

Introdução

Provavelmente você já escutou a frase “não há nada de novo debaixo do sol”, certo? Ela quer dizer que tudo que é feito, principalmente no campo artístico, não é completamente original. Algo sempre é influenciado por outra coisa que surgiu antes dele e, por isso, pode usar obras antigas como referência.

Quer um exemplo? A série espanhola “La casa de papel” é um texto imagético que usa, em sua narrativa, personagens com máscaras do pintor, também espanhol, Salvador Dalí. A presença da figura do artista surrealista é uma marca da intertextualidade. O seriado está citando um artista que veio antes dele e que também pregava o caos e a quebra da normalidade, como os assaltantes vestidos com sua figura.

Intertextualidade é um recurso utilizado por artistas – em livros, poemas, filmes e canções – em que um texto faz referência a outro.

O caso da intertextualidade em “La casa de papel” não para por aí. Além de passar pelo audiovisual e pela pintura, ela foi para a música. Mais um exemplo de intertextualidade é a música “Só quer vrau”, de Mc. MM, que utiliza da melodia de uma canção importante para a série, “Bella Ciao”.

Além de conversar com a série, a música dialoga com a História, uma vez que “Bella Ciao” foi um hino antifascista, símbolo da resistência italiana durante a Segunda Guerra Mundial.

Outra figura de intertextualidade é a presença de pessoas vestidas como os personagens de “La casa de papel” - com as máscaras de Dalí - no videoclipe da música “Só quer vrau”.

Esse recurso é muito difundido na cultura e é assunto recorrente no vestibular, uma vez que exige que você, aluno, tenha uma bagagem cultural.

Sabe aqueles easter eggs - dicas escondidas sobre outras obras - que aparecem tanto em filmes da Marvel quanto da Pixar? Eles também fazem parte da intertextualidade! Logo, pode ser bem divertido procurar essas referências!

No campo artístico, as intertextualidades pululam. Principalmente dentro da poesia brasileira. Para conseguir perceber as referências com rapidez, há uma solução muito divertida: ler muito, ouvir muita música e assistir a muitos filmes.

Cada vez que você lê ou consome arte, mais bagagem cultural é adquirida. Você logo perceberá a forma como os autores fazem referências uns aos outros e como o mundo das artes é todo conectado entre si.

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Vamos conhecer os tipos de intertextualidade mais usados?

Paródia

A paródia ocorre quando você faz uma referência a outro texto criticando-o. Exalta-se suas características de forma caricata, com o intuito de fazer uma crítica ao que está sendo demonstrado para, no fim, gerar humor, fazer as pessoas darem risada.

Você já assistiu a “Shrek”? Esse filme é uma grande paródia dos contos-de-fada. Há uma princesa que precisa ser salva, mas ela é, na verdade, uma ogra, bem diferente do estereótipo da princesa frágil. O dragão que deveria ser malvado é, na realidade, uma fêmea muito carinhosa. Como Freud diria, o humor vem do inesperado.

Pastiche

Muito parecido com a paródia, também faz uma referência. Contudo, seu objetivo não é o humor, mas a homenagem. Na literatura, você pode encontrá-lo em Manuel Bandeira:

Quis gravar "amor"

No tronco de um velho freixo

"Marília", escrevi.

Aqui, o poeta utilizou como estrutura o haikai, um tipo de poema japonês que preza pela pequena duração. Além da homenagem à escrita japonesa, Bandeira ainda cita Marília, famosa personagem da mitologia da obra de Tomás Antônio Gonzaga, escritor do Arcadismo, com o livro de poesia “Marília de Dirceu”.

Paráfrase

A paráfrase é a escrita de um texto com novas palavras, usando as mesmas ideias de outro texto. Por exemplo, pegue a icônica frase da personagem Nairóbi de “La casa de papel”: “Que comece o matriarcado!”. Uma paráfrase seria: “Nairóbi disse que aquele momento era o início do matriarcado”.

Citação

A citação é um trecho fiel do texto de um autor colocado em outra obra. Para que não haja acusações de cópia, plágio ou furto intelectual, a citação deve ser acompanhada de algum sinal que mostre sua condição, como aspas ou itálico. Além disso, o escritor responsável por adicionar a citação sempre deve apontar de qual obra retirou aquele trecho.

Epígrafe

Você abre um livro, mas antes do primeiro capítulo, percebe que o autor da obra colocou uma pequena frase de outro autor ali. Aquela frase é a epígrafe. Ela geralmente é colocada ali pelo próprio autor da obra, que enxergou na frase escolhida uma síntese de seu trabalho.

Sample

O sample é um trecho de outra música que aparece, transmitido fielmente, na música de outro artista. Por exemplo, no começo da música “Blood on the leaves”, do Kanye West, é possível ouvir perfeitamente Nina Simone cantando um trecho de sua música “Strange fruit”. Kanye West usou um sample da música de Nina Simone em sua canção. Essa também é uma forma de se fazer referência.

Alusão

A alusão é uma referência feita de forma sutil. A música “Love Story” da Taylor Swift possui todas as evidências de um amor proibido entre dois jovens que não podem ficar juntos, pois a família não aceita esse relacionamento. Se você conhecer a peça teatral “Romeu e Julieta” de Shakespeare, perceberá que a música de Swift faz uma alusão à tragédia shakespeariana, uma vez que ela trabalha os mesmo temas que o dramaturgo.

Exercício de fixação
Passo 1 de 3
Enem/2009

● TEXTO A Canção do exílio Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas tem mais flores, Nossos bosques tem mais vida, Nossa vida mais amores. [...] Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar - sozinho, a noite - Mais prazer eu encontro la; Minha terra tem palmeiras Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras Onde canta o Sabiá. DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1998. ● TEXTO B Canto de regresso à Pátria Minha terra tem palmares Onde gorjeia o mar Os passarinhos daqui Não cantam como os de lá Minha terra tem mais rosas E quase tem mais amores Minha terra tem mais ouro Minha terra tem mais terra Ouro terra amor e rosas Eu quero tudo de lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte pra São Paulo Sem que eu veja a rua 15 E o progresso de São Paulo. ANDRADE, O. Cadernos de poesia do aluno Oswald. São Paulo: Cfrculo do Livro. s/d. Os textos A e B, escritos em contextos históricos e culturais diversos, enfocam o mesmo motivo poético: a paisagem brasileira entrevista a distância. Analisando-os, conclui-se que:

A o ufanismo, atitude de quem se orgulha excessivamente do país em que nasceu, é o tom de que se revestem os dois textos.
B a exaltação da natureza é a principal característica do texto B, que valoriza a paisagem tropical realçada no texto A.
C o texto B aborda o tema da nação, como o texto A, mas sem perder a visão crítica da realidade brasileira.
D o texto B, em oposição ao texto A, revela distanciamento geográfico do poeta em relação à pátria.
E ambos os textos apresentam ironicamente a paisagem brasileira.
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