Antropologia, um campo vital das ciências humanas, busca entender as origens e particularidades dos seres humanos de forma ampla e holística. É uma vertente das ciências sociais focada no estudo profundo do ser humano e sua gênese.
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A Antropologia tem em seu campo de estudo a observação e compreensão dos seres humanos e sociedades como um todo, porém tomando como um dos seus elementos principais a cultura e a análise e desenvolvimento do conceito de alteridade.
A concepção de cultura entendida pelos antropólogos é bastante ampla e leva em consideração as religiões, os mitos, rituais, hábitos alimentares, de moradia, de convivência, crenças, manifestações folclóricas e relações de parentesco.
Todos esses elementos culturais são aprendidos dentro das sociedades e compartilhados pelos indivíduos que a compõe.
O conceito de cultura entendido pela Antropologia é, portanto, mais amplo do que o entendido pelo senso comum, que tende a considerar cultura como sendo apenas as músicas, museus, peças de teatro, cinema e exposições de arte, ou seja, manifestações culturais compartilhadas por um determinado grupo social, geralmente, a elite da sociedade em que vivem.
A Antropologia procura eliminar esse conceito rígido e que leva em conta apenas as demonstrações culturais de uma parte da sociedade em que estuda, pretendendo assim, reconhecer novos elementos culturais provenientes de outros setores sociais.
A tentativa dos antropólogos é de quebrar paradigmas, afastar concepções do senso comum e que de alguma forma se mostrem preconceituosas em relação ao outro.
A Antropologia enquanto ciência pode ser dividida em duas grandes áreas ligadas a seus objetos de estudo: Antropologia Física ou Biológica e Antropologia Social ou Cultural.
Essa grande área da Antropologia tem como principal foco o estudo da evolução e adaptação humana nos mais diversos ambientes.
A Antropologia Biológica usa de elementos das ciências naturais como a química e biologia para entender a relação da sociedade com o meio ambiente em que ela se estabeleceu.
O foco de estudo da Antropologia Social são as análises políticas e culturais que ocorrem com frequência na sociedade objeto de estudo.
A maneira como elementos religiosos, artísticos, costumes, mitos, rituais e a forma como o indivíduo se vê e se entende na sociedade da qual ele faz parte são observados nas pesquisas de Antropologia Social.
O polonês Bronislaw Malinowski é considerado o pai da Antropologia Social por seus escritos sobre sociedades do Pacífico Sul e Melanésia.
Outros antropólogos como Evans Pritchard, Franz Boas e Radcliffe-Brown também se destacam em suas pesquisas de campo e diários de viagens sobre diferentes sociedades.
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Assim como na Sociologia, que buscou elementos para caracterizá-la como ciência e colaborar com os estudos sociológicos, os antropólogos desenvolveram também um método de pesquisa e observação próprio para colaborar com os estudos e observações sociais. O método de pesquisa antropológico tem o nome de etnografia.
A etnografia tem como objetivo observar e descrever os diversos aspectos sociais da vida do grupo que está sendo estudado. Durante as observações, o pesquisador vive em meio aquela sociedade, observa fatos, fenômenos, acontecimentos, expressões artísticas e culturais.
Com os dados descritivos obtidos durante o estudo de campo, o pesquisador apresenta juntamente com pesquisa bibliográfica, as características socioculturais da sociedade escolhida como objeto.
Ao fazer a coleta etnográfica dos dados o antropólogo pode apenas observar, se comportando então como observador, ou pode também se integrar à sociedade e participar de atividades cotidianas. Neste caso, ele atua como observador participante.
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Alteridade é o termo utilizado para designar a interação do eu enquanto indivíduo com o outro, dentro da sociedade. Ou seja, de que maneira um indivíduo social com suas visões, crenças e valores, interage e se relaciona com o outro, com o diferente. A existência do eu enquanto ser social depende da interação com o outro.
A visão do outro pelo individuo pode acontecer dentro de seres sociais da mesma sociedade ou de sociedades diferentes.
Ao selecionar uma sociedade para a realização da observação participante, o antropólogo aplica o conceito de alteridade em relação ao nativo, da mesma que o nativo aplica o conceito em relação ao antropólogo.
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Quanto ao “choque de civilizações”, é bom lembrar a carta de uma menina americana de sete anos cujo pai era piloto na Guerra do Afeganistão: ela escreveu que – embora amasse muito seu pai – estava pronta a deixá-lo morrer, a sacrificá-lo por seu país. Quando o presidente Bush citou suas palavras, elas foram entendidas como manifestação “normal” de patriotismo americano; vamos conduzir uma experiência mental simples e imaginar uma menina árabe maometana pateticamente lendo para as câmeras as mesmas palavras a respeito do pai que lutava pelo Talibã – não é necessário pensar muito sobre qual teria sido a nossa reação.
ZIZEK. S. Bem-vindo ao deserto do real. São Paulo: Bom Tempo. 2003.
A situação imaginária proposta pelo autor explicita o desafio cultural do(a)