Os primeiros registros de festividades semelhantes ao carnaval, datam mais ou menos do período entre 600a. C e 520 a.C, na Grécia. Durante esse período os gregos realizavam cultos, festas e rituais de agradecimento aos deuses pela fertilidade da terra e prosperidade das colheitas.
Alguns estudiosos associam o carnaval com as festas romanas chamadas saturnálias. Durante o mês de dezembro era costume romano celebrar a esperança para um novo e próspero período de plantio e colheita.
Já no período de ascensão do cristianismo, as festividades eram realizadas no período anterior a quaresma. Durante essas datas os foliões saiam às ruas das cidades de Portugal, França, Espanha e Itália para celebrarem a liberdade e o prazer. No Brasil, os primeiros a apresentarem aos moradores as festas ligadas ao prazer e diversão, foram, os portugueses.
Na festividades, chamadas de entrudo, os foliões saiam às ruas para brincar jogando uns nos outros uma mistura de ovos, farinha e água. As festividades terminavam no primeiro dia da quaresma, data religiosa marcada pelos sacrifícios e abdicação dos prazeres. Na época da quaresma os religiosos não costumam comer carne ou consumir bebidas alcoólicas.
Nas primeiras festividades realizadas no Brasil, no século XV, os foliões se vestiam tal qual os foliões burgueses europeus. As fantasias de pierrot, colombina, os palhaços e as máscaras venezianas influenciaram as fantasias e comportamentos dos primeiros brasileiros a brincar o carnaval.
No fim do século XIX, começaram a surgir os primeiros blocos e cordões de rua, que se popularizaram ao longo de todo o século. Nesta época e no início do século XX o carnaval já era uma festa popular não diretamente relacionada com a religião. No entanto, a data ainda hoje é sempre a mesma, antes do período da quaresma.
Foi também durante o século XX que surgiram os primeiros carros alegóricos reproduzindo as já tradicionais e populares marchinhas.
O crescimento dos primeiros grupos e os carros decorados tocando as marchinhas, foram o estopim para a criação das primeiras escolas de samba, já organizadas em ligas para que fossem avaliadas e premiadas aquelas consideradas as mais bonitas, animadas e organizadas.
As escolas de samba, desfiles e campeonatos são bastante populares no Rio de Janeiro e em São Paulo, nas cidades do interior de São Paulo, Minas Gerais. Em boa parte dos estados do Nordeste a população ainda costuma sair nas ruas fantasiadas e reunidas em blocos e cordões.
No fim da década de 1970, o antropólogo brasileiro Roberto da Matta propôs-se a analisar a maior festa popular brasileira sob o viés social. Da Matta, afirmou na obra “Carnavais, Malandros e Heróis” (1979) que no decorrer do tempo a festa transformou-se em um lugar de questionamento das normas e padrões sociais.
O carnaval passou a questionar a vida cotidiana, os acontecimentos, as mazelas e crises, além de quebrar tabus relacionados a nudez e sensualidade.
Nos últimos anos, as escolas de samba tem explorado e discutido temas como feminismo, racismo, escravidão, realidade política, condições de vida, saúde, emprego, salário e educação.
Da Matta afirma constantemente a importância da festividade, que ainda hoje quebra estereótipos e colabora para o entendimento de relevantes questões sociopolíticas. O fato é que de maneira leve, lúdica e agradável, o carnaval é capaz de promover desconfortos sociais e conscientização.
A tentativa de exportação cultural, fez o Brasil ser mundialmente conhecido como “o país do Carnaval”. A festa, apesar de não necessariamente agradar a todos, serve como expressão cultural para o resto do mundo. Tamanha associação do Brasil com a festa mais popular do país podem incentivar visões rasas e preconceituosas.
Embora sirva como um modelo cultural que define a nacionalidade e cultura em termos de consciência coletiva, é preciso pensar o carnaval com uma visão crítica, como demonstra Roberto da Matta e como os próprios samba enredo e as alegorias apresentam.
“Penso, pois, que o Carnaval põe o Brasil de ponta-cabeça. Num país onde
a liberdade é privilégio de uns poucos e é sempre lida por seu lado legal e cívico, a festa
abre nossa vida a uma liberdade sensual, nisso que o mundo burguês chama de
libertinagem. Dando livre passagem ao corpo, o Carnaval destitui posicionamentos
sociais fixos e rígidos, permitindo a “fantasia”, que inventa novas identidades e dá uma
enorme elasticidade a todos os papéis sociais reguladores.” [DAMATTA, R. O que o
Carnaval diz do Brasil.
Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. (Acesso em: 29fev. 2012.)]
Ressaltando os seus aspectos simbólicos, a abordagem apresentada associa o Carnaval
ao (à):